Evandro Castagna 160
(PSTU), candidato ao Senado Federal – Um Paraná para os trabalhadores
Em sabatina na ÒTV de Curitiba, o candidato ao senado, Ricardo Gomyde
(PCdoB), ao contrário do que se espera de um comunista, em nenhum momento saiu
de sua boca a defesa de qualquer bandeira histórica da classe trabalhadora.
Nada sobre a redução da jornada de trabalho, nada sobre a criminalização da
homofobia, nada sobre o passe livre estudantil, nada de luta de classes. Em
nenhum momento suas propostas se enfrentaram com qualquer setor da burguesia.
Gomyde, pra justificar suas posições, afirmou que seu partido, o PCdoB,
está “(...) em sintonia com a modernidade, que se rejuvenesce (...) obviamente bebe
na fonte teórica socialista”, porém não traduz literalmente esta teoria na
prática”. Chama de “religião” uma interpretação teórica marxista para o Brasil
atual e defende o mercado capitalista contra o que chama de “intervenções
estatais”. Faz chacota e falsifica o Manifesto Comunista, de Marx e Engels. Segundo
ele:
“se você quiser transportar pro ano de 2014
na América do Sul o Manifesto Comunista (...) então você não ta fazendo política
(...) só faltava, aí você tem que fazer parte de uma religião que tem uma
pessoa iluminada que há tantos tempos atrás escreveu coisas que vale ipsis e
literes para este atual momento (...) você ser estatista e achar que tudo tem
que ser do estado, a barraca de cachorro quente, a banquinha de jornal (...).”
É importante lembrar que o Manifesto Comunista trata da estatização dos
meios de produção (indústria, grande propriedade da terra, máquinas, matéria
prima). Marx e Engels não tratam da pequena propriedade individual, ou das
classes médias, mas da grande burguesia, burguesia esta que, inclusive,
financia a candidatura tanto de Gomyde, quanto de sua candidata ao Governo do
Estado, Gleisi Hoffmann (PT) e seus adversários do PSDB e PMDB.
O segundo suplente de Ricardo Gomyde (PCdoB), Paulo Pratinha (PT), tem um
patrimônio de três milhões e setecentos mil, um “empresário de sucesso” segundo
Gomyde. A declaração de gastos de campanha de Ricardo Gomyde é de cinco
milhões. Parte deste dinheiro vem de empreiteiras, segundo primeira parcial da
prestação de contas.
Essa relação promíscua com a burguesia se traduz no rumo das propostas
apresentadas pelo candidato. Além de defender dinheiro público para a
iniciativa privada, via Pró-Uni, quando perguntado se é contra as privatizações,
é enfático:
“não, acho que tem que ser discutido (...)
acho que temos que aproveitar a iniciativa privada em diversas áreas como, por
exemplo, os aeroportos”.
Para ele, Álvaro Dias seria “bom
pro PSDB e pouco bom para o estado do Paraná”. Esconde a existência de
classes sociais, não denuncia o caráter burguês do PSDB que é inimigo da classe
trabalhadora e não enfatiza que “o Paraná” não é um ente homogêneo. Para ele já
não existem contradições entre as classes. Existe somente um “setor produtivo” abstrato,
sem substância, sem contradições.
A base honesta do PCdoB, principalmente sua juventude (UJS) que
verdadeiramente quer mudar o mundo, precisa romper com este partido. A linha da
direção do PCdoB há muito tempo é baseada na defesa da aliança e conciliação entre
as classes sociais. Recebem dinheiro da burguesia, fazem alianças com partidos
burgueses, entraram de cabeça na política do “vale tudo eleitoral”.
Aldo Rebelo, da direção nacional do PCdoB, foi o “garotinho de recados”
das multinacionais da FIFA, que lucraram, só de isenção de impostos, perto de um
milhão de reais. Também foi Aldo Rebelo que, através de uma frente com a
bancada ruralista de Kátia Abreu, defendeu a reforma do Código Florestal
abrindo espaço para o agronegócio avançar sobre as florestas brasileiras.
Essa “modernidade” do PCdoB não tem nada de novo e
moderno. É a velha política da social-democracia alemã e da degeneração
stalinista do estado soviético, responsável pela restauração do capitalismo em
todos os ex-estados operários. O PCdoB precisa mudar de nome. Tira o
“comunista” PCdoB e põe CAPITALISTA!