terça-feira, 29 de julho de 2014

Evandro Castagna: o candidato do PSTU ao Senado

Evandro Castagna
SENADOR 160

O servidor público municipal de Cascavel, Evandro José Castagna, tenta pela terceira vez a sorte nas urnas como candidato ao Senado pelo PSTU, depois de duas experiências como concorrente à Assembleia Legislativa em 2010, e à vice-prefeitura da cidade do Oeste do Estado, em 2012, na qual não passou dos 1 mil votos. Mas desta vez ele sente que o espaço para nomes novos e partidos que preguem a mudança aumentou, após as manifestações de junho do ano passado terem demonstrado o descontentamento crescente da população com os políticos tradicionais. 
E é justamente nesse desencanto, que inclui o PT, que para Castagna, traiu as bandeiras dos trabalhadores ao se aliar aos setores políticos mais conservadores, que estaria a chance de um partido pequeno como o PSTU. Como candidato ao Senado, ele parte para o ataque, afirmando que nenhum dos senadores paranaenses – Alvaro Dias (PSDB), Roberto Requião (PMDD) e Gleisi Hoffmann (PT) - representa de fato, esse sentimento de mudança. Para ele, Alvaro é o representante da alta burguesia; Requião – candidato do PMDB ao governo – tem um discurso populista e uma prática conservadora; e Gleisi Hoffmann mostrou alinhamento ao pensamento neo-liberal, ao defender como chefe da Casa Civil do governo Dilma, medidas como a restrição a demarcação de terras indígenas e a terceirização de serviços de saúde. Em entrevista ao Bem Paraná, o candidato do PSTU explica o porque da crítica e como acha que o partido pode aproveitar o momento político para crescer em meio a crise.
Bem Paraná – Porque o senhor decidiu ser candidato ao Senado?

Evandro Castagna – Primeiro porque os candidatos ao Senado e os senadores que estão aí já revezam o cargo há mais de 30 anos. A gente tem os dois irmãos Dias (Álvaro e Osmar) que estão há mais de 30 anos, que são financiados e representam os interesses da alta burguesia do Estado, latifundiários, as multinacionais, os bancos. E não representam os interesses dos trabalhadores, do povo mais pobre. Isso fica evidente, o PSDB, estavam junto com o (ex-governador Jaime) Lerner no processo de privatização dos serviços públicos. E inclusive o Alvaro Dias entrou para a história da política do Paraná como o governador que jogou a cavalaria sobre os professores. O (Roberto) Requião, embora apresente um discurso bastante populista, ele se alia aos setores que diz combater. O (candidato a) senador do Requião hoje, o Marcelo Almeida, é o candidato mais rico do País, ligado a empreiteiras, a CR Almeida, diretamente vinculado ao pedágio no Estado. Como você pode dizer que vai combater as tarifas do pedágio, se na tua chapa está um legítimo representante das empresas de pedágio. É um discurso populista, mas muito contraditório e hipócrita, inclusive. A Gleisi Hoffmann vem de um partido que é o PT, que tem um histórico de luta aqui no País. Participou do processo de redemocratização, é enraizado nos sindicatos. Então criou-se uma expectativa de que ia mudar. Só que foi do gabinete de Gleisi, por exemplo, que saiu o projeto de privatização da administração dos hospitais universitários daqui do Paraná e do País inteiro. Saiu de dentro do gabinete da Gleisi Hoffmann o projeto de bloqueio da demarcação de terras indígenas. A Gleisi, infelizmente, que segue a mesma cartilha do PSDB, neo-liberal, embora tenha uma base popular diferente.
BP – O senhor diria que o PT traiu suas bandeiras dos trabalhadores ao chegar ao governo?

Castagna – Sim. Porque o PT se utilizou desse apoio popular, dessa esperança da classe trabalhadora. Começou a tomar um caminho de alianças com setores do grande empresariado, multinacionais, bancos, que hoje dão muito mais dinheiro para o PT do que para o PSDB. Não dá para defender um projeto de moradia popular, se você é financiado para as empreiteiras. O projeto Minha Casa, Minha Vida, hoje, por exemplo, ajuda muito mais as empreiteiras do que o povo trabalhador. O trabalhador se endivida por 20 ou 30 anos, paga duas ou três casas, supervalorizadas.
BP - Isso quer dizer que o PT, que aqui no Paraná se coloca como oposição, não seria uma alternativa real de mudança?

Castagna – Não. O PT, inclusive, em relação à saúde: o Beto Richa (PSDB) usou sua bancada na Assembleia Legislativa para aprovar as fundações privadas para administrar a saúde pública no Paraná, os hospitais. É um processo de privatização. O PT daqui, dois ou três deputados do partido, se colocaram contra. Mas o projeto da Dilma, da empresa brasileira de serviços hospitalares, é o mesmo. É uma contradição. Hoje, no plano econômico, a política do PT e do PSDB, são muito parecidas. Diferencia o Bolsa Família. Mas o próprio programa Bolsa Família é previsto na cartilha neo-liberal, como políticas compensatórias, ao desemprego. É claro que melhorou a vida de muita gente. Se você não tem nada e recebe um dinheiro para comprar alguns pacotes de arroz que dá para passar o mês inteiro, é claro que é uma melhora concreta. Mas a gente não pode achar em um País rico como o Brasil, que pode manter 30, 40 milhões de famílias vivendo com R$ 70,00 por mês até ad eternum. Se você pegar o custo do Bolsa Família, que chega perto de R$ 25 bilhões, e comparar com o “Bolsa banqueiro”, que chega a R$ 800 bilhões, vê que a prioridade do governo Dilma, como era do governo FHC, Sarney, Collor, não é com a pobreza. É manter o pagamento da dívida pública que corroi aproximadamente 40% da renda nacional, do PIB.
Manifestações

“Esse caldeirão abre espaço para a disputa”
Bem Paraná – Como senador, quais seriam suas principais bandeiras?

Evandro Castagna – A gente vai ter que fazer uma discussão a nível nacional, como da dívida pública que é um problema central. Mas a gente também deve levar algumas questões do Estado. Desde as manifestações de junho, a gente percebeu que a população quer mudanças. A maioria dos candidatos, até a Dilma está falando de mudança, agora. Por exemplo, a questão do caos do transporte público. É uma coisa absurda. Precisamos no Estado iniciar um processo de abertura das contas das empresas. E estudar os contratos. Tem um estudo na UFPR que identificou fraudes nesses contratos. Isso em Cascavel também, a renovação dos contratos por 20 anos aconteceu no último dia do ano, no mesmo dia em que foi aumentado os salários dos vereadores em 51%. Às escondidas da população. Temos que romper esses contratos e estatizar o transporte, que tem que funcionar sob a lógica de atender a necessidade da população, e não do lucro de meia dúzia de concessionários. Esse lucro tem que ser estatizado e usado para investir em melhoria da frota, das condições de vida dos trabalhadores e barateamento do valor da tarifa.
BP – As manifestações de junho mostraram uma rejeição aos políticos e partidos políticos tradicionais, inclusive os à esquerda do PT. Como o PSTU vê isso?

Castagna – A gente não concorda, mas entende. Existe uma desilusão com os partidos políticos, inclusive com os partidos de esquerda. Quando a juventude dos anos 80 acreditou em um projeto de um partido dos trabalhadores, e vê que esse partido vai se degenerando no processo até se confundir com os partidos neo-liberais, ela cai em desânimo e frustração. Nós temos que entender isso, mas não podemos concordar. Porque nem todos os partidos são iguais. E nós queremos dizer para essa juventude que o PSTU é um partido diferente. O PSTU é um partido que vai disputar as eleições aqui e vai denunciar o Parlamento. Não vamos iludir ninguém que a transformação vai acontecer por dentro do Parlamento. A gente acha que é muito importante eleger deputados, senadores socialistas. Mas nós não vamos transformar nada no nosso País focado no Parlamento burguês. Porque ali as coisas já estão todas definidas. Vamos nos apoiar para a transformação da sociedade na mobilização popular. Os nossos deputados vão estar lá para chamar o povo para a rua. Essa é a característica do nosso partido. Nós não vamos iludir a classe trabalhadora de que uma candidatura a deputado pelo Parlamento burguês vai resolver. O PT fez isso. Para isso tem que manter a ‘governbilidade’. Aí você vai fazer aliança com o Sarney, o Collor, Feliciano. Aí você vai fazer alianç com os setores mais sujos e corruptos da política brasileira com a desculpa esfarrapada de combater o PSDB, a velha direita. Você se alia com os setores da própria direita.
BP – O senhor não vê um risco de retrocesso à direita no País?

Castagna – Não acredito. Hoje, a burguesia brasileira e internacional não tem seus lucros ameaçados pelo PT. Na verdade, elas lucraram muito mais com o governo Lula e Dilma do que com FHC. Após as manifestações de junho do ano passado, mudou a situação da luta de classe no Brasil. O povo, que estava em uma de acomodação, se colocou na ofensiva. No primeiro momento o gigante acordou foi para a luta, desorganizado, inclusive não querendo organização. Depois tivemos as greves por dentro das organizações tradicionais, o pico foi a greve dos garis do Rio de Janeiro. E a greve dos metroviários de São Paulo, às vésperas da Copa, em que a polícia cercou o sindicato. Esse é um caldeirão que abre um espaço muito grande para a disputa política. Quem vai ocupar esse espaço, não está muito definido.

Por uma Copel 100% estatal!


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Publicação by Rodrigo Tomazini - PSTU.















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