quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Entrevista com Evandro Castagna, candidato ao senado pelo PSTU

A equipe de comunicação do PSTU Paraná inicia uma série de em entrevistas com seus candidatos nas Eleições 2014. Nesta oportunidade, entrevistamos nosso candidato ao senado, Evandro Castagna.

Comunicação.PSTU: Primeiramente, muito obrigado por nos conceder esta entrevista. O objetivo é explorar a participação do PSTU nessas eleições a partir do ponto de vista dos companheiros e companheiras candidatos(as).

A campanha eleitoral começou dia 06 de junho. De lá pra cá, quais são suas impressões sobre essas eleições? Nas panfletagens, atividades e conversas com a população, o que você acha que se destaca nessas eleições de 2014? Quais as principais dificuldades da campanha?

Evandro Castagna: Sem dúvida a população está descontente e quer mudanças. Isso se apresentou no segundo semestre de ano passado, naquelas manifestações gigantescas, nos “rolezinhos” e nas greves do primeiro semestre deste ano. Existe uma revolta com o caos na saúde pública, com a situação da educação, com os altos preços das tarifas, com o valor e a superlotação do transporte público, com a falta de uma política de habitação popular que realmente atenda o interesse dos trabalhadores e da juventude da periferia, com os baixos salários e as péssimas condições de trabalho.

Nossa principal dificuldade é a ausência de democracia no processo eleitoral, tanto em relação ao financiamento da campanha quanto à aparição de nossos candidatos e propostas no rádio e TV. Nossos adversários do PT, PSDB, DEM, PCdoB e PSDB... Ou seja, os partidos dos ricos, banqueiros, multinacionais, empreiteiras e grandes fazendeiros, dispõe de milhões de reais pra campanha e grande espaço nos veículos de comunicação. Infelizmente a grande imprensa esconde nossos candidatos. Nossa campanha é modesta, mas temos muito orgulho dela. Assim como devemos desconfiar das direções sindicais que dizem defender os trabalhadores e pegam dinheiro do patrão, também precisamos desconfiar dos candidatos e partidos que dizem defender os trabalhadores e são financiados pelos patrões nas eleições. Apesar das dificuldades, é essa independência financeira que garante nossa independência política: “quem paga a banda escolhe a música” e a música que queremos dançar será tocada pela nossa classe, a classe operária que produz toda a riqueza de nosso país.

Com.PSTU:Nestes quase três meses de campanha, como foi o recebimento de sua candidatura nos locais de campanha? Fale mais sobre estes locais e sobre as atividades realizadas.

Evandro Castagna: Nossa campanha tem como foco apresentar um programa que atenda os interesses da classe operária e juventude que mora na periferia. Estamos levando nosso material nos bairros operários e nas portas das principais fábricas do estado. Esperamos conseguir atingir as principais cidades de todas as regiões do Paraná e caminhamos para isso. Nesse sentido a independência financeira em relação aos grandes patrões é importantíssima, pois teremos que nos enfrentar com eles pra garantir as medidas que propomos, como: redução da Jornada de Trabalho para 36h/semanais (e para os trabalhadores da saúde 30h) sem redução de salários; proibição do Banco de Horas e de demissões imotivadas/estabilidade no emprego; para garantir o Passe Livre Estudantil, o barateamento das passagens, melhores salários e condições de trabalho a motoristas e cobradores, é preciso combater os empresários que detém as concessões públicas, romper os contratos e estatizar o transporte público; para dobrar os investimentos em educação e saúde temos que nos enfrentar com os donos de hospitais e planos de saúde, com os “tubarões” do ensino privado e os agiotas/banqueiros que detém os títulos da dívida pública; temos que nos enfrentar com a bancada no senado dos “fundamentalistas machistas e homofóbicos” para garantir a criminalização da homofobia e mais investimento no combate à violência contra a mulher. Temos que ter um lado. Não dá pra acender uma vela pra deus e outra pro diabo! Não dá pra fazer omeletes sem quebrar os ovos.

Com.PSTU: Como você avalia as candidaturas do PSTU em relação as dos outros partidos? Qual tem sido o diferencial?

Evandro Castagna: O programa e o financiamento de campanha é o principal diferencial. O grupo do PSDB e o DEM, de Álvaro Dias, Alckmin, Beto Richa e companhia, são velhos conhecidos nossos, responsáveis pelas privatizações e praças de pedágios dos anos 90. São representantes legítimos dos ricos e milionários. O PMDB de Requião e Marcelo Almeida é “farinha do mesmo saco”. Nem mesmo contra os pedágios Requião pode falar, pois caminha ao lado com os donos de pedagiárias e empreiteiras. A CR Almeida, cujo herdeiro é seu candidato ao senado, é dona de sete praças de pedágio no Brasil sendo que duas são no Paraná, as mais caras por sinal. O PT e o PCdoB de Dilma, Gleisi e Ricardo Gomyde, apesar desses partidos terem um histórico de luta em nosso país e dirigirem importantes entidades sindicais, estudantis e populares, governam para defender os interesses dos ricos e milionários que financiam suas campanhas. Basta dar uma olhada no site do TRE e verificar os financiadores de suas campanhas. O Governo Dilma, com Gleisi à frente, barrou o processo de demarcação das terras indígenas e privatizou estradas, ferrovias, aeroportos e hospitais. Aldo Rebelo, da direção nacional do PCdoB, foi o garotinho de recados das multinacionais da FIFA que lucraram, só em isenção de impostos, mais de um bilhão de reais.

O PSOL, lamentavelmente, caminha para a mesma direção do PT. A candidatura de Luciana Genro recebeu dinheiro de uma rede de supermercados (Zafari) e já havia recebido cem mil reais da multinacional Gerdau nas eleições de 2012. Heloisa Helena, uma das principais figuras públicas nacional do PSOL, troca abraços com o PSDB e recebe apoio do PSB e DEM em Alagoas. Randolf Rodrigues e Clécio no Amapá fazem alianças com partidos de direita como o DEM e o PTB. Esta relação frouxa na disciplina interna do PSOL, em que as figuras públicas têm liberdade pra fazerem o que querem, inclusive relações promíscuas com a burguesia, pressiona o partido a adotar cada vez mais ideologias pós-modernas, abandonando as categorias marxistas como “luta de classes”, apresentam uma campanha “do bem contra o mal”, “gente é pra brilhar” e defendem “justiça para todos”. Capitulam de forma oportunista ao sentimento apartidário expresso nas manifestações de junho do ano passado e apresentam um programa que não se enfrenta nem com o regime e muito menos com o lucro dos capitalistas. O reformismo clássico da social-democracia alemã e do PT.


Nós do PSTU defendemos um governo dos trabalhadores sem patrões e apresentamos um programa de transição ao socialismo. Deixamos claro para os operários que nossas propostas só serão efetivadas com o povo na rua, com luta popular, com greves e mobilizações da classe operária e da juventude da periferia. Não alimentamos nenhuma ilusão e confiança neste processo eleitoral antidemocrático e seus partidos financiados por banqueiros, latifundiários, redes de supermercados e multinacionais. Nós, trabalhadores, só poderemos contar com nossas próprias forças. Só a luta e a organização da classe trabalhadora mudará a vida. Construir e fortalecer o PSTU no processo eleitoral é um importante passo para isso em nosso país. Por isso, para além do voto e do apoio nas eleições, convidamos os trabalhadores para conhecerem nosso partido e se somarem em nossas fileiras.